Os "Super EndoMaridos": A importância do marido (namorado, namorido, parceiro) no tratamento da Endometriose
"(..) recebo-te agora para o melhor e para o pior, na riqueza e na pobreza, na doença e na saúde, para amar-te e honrar-te, até que a morte nos separe (..)"
"Era apenas mais um dia de consulta com o ginecologista. Como sempre, chamei meu marido para me acompanhar. Desde que descobri a endometriose, ele me acompanha em todas as consultas. Comporta-se direitinho. Entra comigo no consultório, ouve atentamente ao médico, faz perguntas; mas quando chega o momento de ser examinada, geralmente ele não é convidado a participar. É uma atitude que parte principalmente do médico, certamente para preservar a paciente em um momento tão constrangedor. Nunca mudei esta "regra ética" e sempre fiquei muito satisfeita apenas com o fato de ter meu marido participando da minha consulta.
Porém neste dia, estava programado realizar uma ultrassonografia transvaginal no próprio consultório. Como de costume, entramos na sala, sentamos à frente da mesa do médico e depois de uma breve conversa, recebi aquele conhecido "pedaço de pano que nunca fecha direito" (o avental que não esconde nada) e fui instruída a ir ao banheiro e retirar toda a parte de baixo da minha roupa. Deitei-me naquela "maravilhosa" posição ginecológica, descendo o bumbum até quase cair da cadeira, e antes que o médico começasse a se preparar para fazer o ultrassom, tive a idéia de chamar meu marido para participar pela primeira vez de um exame comigo. Para os casais que já tiveram filhos, pode parecer estranho o que estou escrevendo, afinal é natural que o homem (pai) entre na sala de exames para acompanhar o procedimento da sua esposa grávida, afinal ele está lá para ver seu filho. Porém, para um marido de uma "endometriótica" que nunca engravidou, assistir a um ultrassom transvaginal da esposa, pode ser uma experiência bem diferente.
Timidamente ele se levantou e se direcionou ao local do exame. Quando me viu, com as pernas abertas, naquela posição com "tudo" exposto, ficou estático, olhando fixamente para esta cena. Olhei para o rosto dele e ele nem piscava, parecia um tanto assustado. Ficou uns 2 minutos assim, parado, olhando entre minhas pernas, como quem não sabia o que fazer. Para não ficar muito constrangedor, pedi que ele viesse para mais perto de mim (para que olhasse meu rosto), aonde também poderia acompanhar o exame através do monitor. Quando o médico tirou a "camisinha" para colocar no transdutor (aquele aparelhinho que é inserido dentro da gente) meu marido não pôde deixar de comentar: - "Ah, olha só, é uma camisinha!" Antes que o médico pudesse explicar, eu mesma respondi, em um tom sério, que esta era uma forma de proteção, já que um mesmo transdutor é usado em outras mulheres. Prosseguimos com o exame. Meu marido parecia bem mais interessado nas imagens do que eu. Fez mil perguntas. Ao final, o médico me liberou e eu desci da maca tentando me esconder no avental transparente, um tanto acanhada, já que meu marido estava ali presenciando esta cena.
Quando saímos do consultório e entramos no carro, perguntei a ele o que tinha achado de ter participado comigo de um exame de ultrassonografia transvaginal. Ele prontamente respondeu: -"Olha, você sofre mais do que eu imaginava! É um exame muito constrangedor, invasivo, como você consegue estar ali, naquela posição, diante do médico? A partir de hoje vou te respeitar ainda mais, porque não me imagino na mesma situação que você." E eu respondi: - "Isto aí não foi nada. Na próxima vez vou te levar para acompanhar meu exame de Histerossalpingografia! Aposto que depois de presenciar este exame, você vai me "canonizar"!!!" :)
Não sei quantas de vocês já passaram por esta experiência, mas levar o marido (companheiro, namorado, namorido) a uma consulta ginecológica pode ser muito importante para o tratamento da endometriose. Aliás, incluir seu parceiro em todo o tratamento pode ajudar-lhe a enfrentar melhor a doença e também contribuir para uma melhor compreensão e cumplicidade entre o casal.